domingo, 17 de janeiro de 2010

Finalmente on-line!



Em primeiro lugar, pedimos desculpas aos nossos assíduos leitores pela demora em escrever. Infelizmente nosso hotel dificultou muito a utilizaçao da internet. Mas agora não teremos mais problemas.

Nossa viagem continuou e logo estavamos na estrada para Boston, proxima parada do grupo. Foram muitas horas de viagem, com direito a paradas turisticas:

1- Salem: Isso mesmo, a cidade do filme! Conhecida por a massiva queima de bruxas que aconteceu no local, a cidade eh muito bonita e tem como simbolo e atraçao turistica as bruxas. Interessante notar a grande quantidade de igrejas que ha na cidade.

2 - Marblehead: De beleza impar, impressionou John em sua juventude. A cidade tinha arquitetura antiga e um certo ar nostálgico. Por mais que não estivesse tão impressionante quanto na primavera (aos olhos do John), a vista do mar e do porto era fabulosa.





Finalmente chegamos em Boston. O primeiro choque que tivemos foi o de sair de uma cidade pequena e aconchegante para um cenario urbano. Muitas luzes, muita gente e muitos carros. O hotel é uma contradição: o prédio tem mais de 100 anos e está inserido bem no meio da cidade. É muito próximo do BU (Boston University) e dos nossos programas culturais. Nem bem nos acomodamos e partimos para o concerto do Blue Man Group. Expectativa para alguns e nariz torcido para outros, chegamos bem no teatro. Fomos bem recebidos com mensagens engraçadas no display de leds vermelhos que mostrava mensagens como ‘Proibido gravar e tirar fotos’ e” Bem vindo John Boudler e seu grupo. Vamos dar uma salva de palmas. Deem um grito para eles. Ok, John, pode sentar ’’. O show é incrível, absurdamente hilário e contagiante. As personagens são muito fortes e a infraestrutura, impecável. Podemos dizer com certeza que o Blue Man conquistou os integrantes do PIAP.

O dia seguinte começou bem cedo, com café da manhã e ida para a BU. Chegando lá, o susto: a sala era pequena, o instrumental complicado (pois era muito antigo) e a acústica muito diferente. Depois da montagem, passagem de som e um almoço relâmpago, fizemos o concerto e superamos: o concerto foi muito bom e o grupo se adaptou bem a acústica e aos intrumentos. As pessoas ficaram muito impressionadas e um pouco arrependidas pelos intrumentos que disponibilizaram.
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Depois do concerto fomos todos do PIAP e quatro alunos do curso de pós-graduação para uma confraternização em um bar muito frequentado pelos intregrantes da Universidade. A troca foi boa e divertida e com certeza aprendemos muito uns com os outros. De noite, eles nos levaram para conhecer as salas de percussão e o intrumental . Pudemos notar que o material é de alta qualidade e as salas de percussão altamente equipadas. Um sistema que impressionou muito foi a simulação de ambiente: a sala gravava tudo o que o aluno quisesse e podia também simular a ressonancia de ambientes diferentes com um sistema de gravaçao e reproduçao com efeito ao vivo. Depois de calorosas despedidas, voltamos em uma noite bem fria e bonita. O grupo já havia se apaixonado pela cidade.


No dia seguinte, sexta-feira, fomos visitar fábricas de instrumento. Pela manhã fomos na fábrica da Grover, na qual fomos realmente muito bem recebidos pelo dono e criador Neil Grover. Ele nos mostrou cada parte do processo da fabricação de suas baquetas – que, ao contrário da fabrica ja visitada Vic Firth, é predominantemente trabalho humano, ou de maquina supervisionada por humano. Nos mostrou também o processo de fabricação de suas caixas e esteiras (é fantastico, as cordas da esteira são afinadas uma a uma!). Confiando muito no John – Neil e John estudaram juntos no festival de Tanglewood em 77 – o fabricante deixou o grupo todo solto pela fabrica/estoque para conhecer livremente todos os seus produtos, ouvir todos os seus modelos de pandeiro sinfônico, triângulo e woodblocks. No fim da visita Neil deu uma aula de pandeiro, respondeu muitas perguntas e presenteou cada um do grupo com um par de baquetas de caixa.



Fomos rapidamente para a fábrica de pratos Zildjian, tivemos a primeira surpresa: logo na porta uma simpática recepção ‘Bem vindo John Boudler e seu Grupo’ no quadro de recados. Keith nos levou pelo saguão, mostrou os quadros, textos e fotos sobre a história da fábrica (são quase 400 anos passando de geração em geração da mesma família). Vimos baterias de musicos importantes da historia: Gene Krupa, Buddy Rich, Ringo Starr, Travis Barker...
Em seguida todos receberam óculos de proteção para poder entrar na fabrica. Fotos e gravações, a partir dali, não eram permitidas.
Vimos todas as fases do metal, desde o material na forma bruta (estanho e bronze) até a fase final de estampar o nome da Zildjian e escrever a laser o numero de série nos pratos.

Mal podíamos imaginar que era possível ficar ainda melhor. Keith nos levou para duas salas, uma só de prato a dois e outra só de pratos suspensos, ele – assim como Neil que havia confiado muito nos alunos de John – nos deixou soltos para testar todos as combinações possíveis de pratos. Ele nos disse que essa é uma situação única, pois habitualmente nas lojas de instrumento não há uma quantidade tão grande de pratos, o que torna impossível fazer inumeras combinações de pratos como as que pudemos experimentar nessa visita.






Algo ainda mais inusitado aconteceu então: em reconhecimento a grande importância para a percussão brasileira e mundial e ao desdobramento sobre-humano para fazer essa turnê, Keith convidou em nome da Zildjian e do Programa Educacional o Professor Doutor John Boudler a ser Artista da Zildjian. John agora faz parte de uma familia de fazedores de prato e percussionistas de 387 anos. Reconhecimento merecido!





No final deste dia, extremamente marcante para todo o grupo, John nos levou para conhecer o New England Conservatory, onde ele estudou de 1972 a 1973 com o próprio Vic Firth. Nesta noite conhecemos as instalações do conservatório. As salas de percussão eram divididas em espaços orquestrais, eletroacústicos e jazzísticos. Este belo tour foi conduzido por nada mais, nada menos que Frank Epstein, professor do conservatório e percussionista da Boston Symphony Orchestra. Após todas essas emoções, fomos conhecer o Pour House, um Pub aconchegante onde os universitários se reunem para conversar e trocar experiências sobre diversos assuntos, pois Boston é uma cidade basicamente de estrangeiros.


O sábado foi cultural para o grupo, quando os reunimos para sair e conhecer o ICA (Institute of Contemporary Arts). As obras da exposição eram muito interessantes, entre elas um fusca pendurado, completamente desmontado em camadas e espacializado num salão. Vimos também 120 garrafas de Coca-Cola em vidro cada uma distorcida de uma forma, além de diversos quadros, esculturas e obras em vídeo. Uma obra marcante era uma sala escura com projeções de 7 janelas, 2 na esquerda, 2 na direita e 3 em frente, nas quais ocorria uma simulação de guerra com helicópteros, bombas, tiros, gritos e conversas dos soldados, além das janelas se quebrarem com os tiros e bombas. Era como estar na guerra dentro de um galpão.


Depois deste passeio seguimos para a Boston Symphony Hall. Lá tivemos um tour pelas instalações do teatro, uma casa exclusivamente para concertos e com diversas salinhas de estudo para os músicos. Conhecer este espaço foi muito importante, pois o Boston Symphony Hall é propriedade da Orquestra e todas as decisões a respeito de manutenção, gastos, repertório ficam a cargo da produção da orquestra. Ver de perto uma orquestra que funcione de maneira autônoma é muito significativo para todos nós, que temos uma realidade diametralmente oposta no Brasil. Após uma pequena palestra sobre Elgar – Concerto em Si menor para violino - fomos conhecer Daniel Bauch, Timpanista do concerto desta noite. Ele nos contou sobre sua formação, sobre a situação atual da orquestra, sobre a concepção sonora dos outros percussionistas, o instrumental utilizado no concerto e a escolha de suas baquetas em relação a sala. Falando em sala, não tinha como ser melhor, ela foi uma das primeiras a ser construida com auxílio de físicos e está entre as três melhores salas do mundo. Foi o departamento de acustica de Harvard o responsável pela acustica maravilhosa da sala. Além de funcional é de extrema beleza, tem em torno de toda a platéia deuses gregos, pois Boston é conhecida como a Athenas da América, tamanha a quantidade de Universidades e conhecimento difundido na cidade. O concerto foi simplesmente fenomenal, o grupo só tem elogios para a performance que a BSO apresentou nesta noite.



E hoje (ufa finalmente chegamos no dia de hoje!!) saimos de Boston e chegamos a Keene, em New Hampshire. Cidade pequena, casas isoladas, muita neve e mais frio!
P.S.: Aproveitem e vejam também as nossas fotos no orkut - clique aqui!

3 comentários:

Gui Prioli disse...

Po tava ficando sem ter o que fazer aqui em SP, hahaha!

Que bom que vocês tão curtindo! Hahaha e esse tratamento VIP "The Zildjians Welcome John Boudler & Students"! Muito legal!
Só vocês mesmo pra se divertirem experimentando combinações de pratos a dois, hahaha! Mas a sala onde ficam os pratos ficam é muito bonita!
Eu vi as fotos no Orkut também, tão muito boas!

To gostando de ler as notícias, não deixem de escrever (claro, na medida do possível, pq eu sei que vocês tão na correria aí!).

Abraço e sucesso nos próximos concertos!

Marli Rodrigues disse...

Vocês me levam na proxima turnê!!! o legal não é ser bacana mas ser amigo dos Bacanas!!!!!!
Marlizinha/IA

Mario Frungillo disse...

Voces têm sorte!
No meu tempo (1982) a gente era obrigado a tocar um concerto no MIT, desmontar, chegar na casa de favor para dormir e dividir por 5 uma fritada feita com 1 (hum) ovo, salsinha, orégano, pimenta do reino, sal e dormir numa sala cheia de fotos da mulher do domo nua.
Não devia dar, mas ...
P A R A B É N S !!!!!!