Roda internacional de maracatu!

28 de janeiro

Esta quinta feira começou com o nosso Masterclass de musica brasileira. O publico foi grande e todos os alunos de percussao, alem dos professores, estavam presentes. As pessoas se mostraram muito interessadas e, no final da masterclass, os alunos do World Music Ensemble executarm uma musica do Michael Spiro Project, com surdos de olodum, batas cubanos (tambores com pele dos dois lados, um mais agudo que o outro), congas tocadas com vareta, repiniques e um berimbau. No final, os alunos do PIAP deram sua opiniao e sugestao, tanto quanto as tecnicas quanto ao swing e a energia tocando este tipo de musica. Varias perguntas sobre nossa cultura foram feitas e devido ao interesse quanto a tecnica de alfaia, fizemos uma grande roda de maracatu com os alunos.

De noite, o concerto tinha um publico grande tambem (nosso maior publico!) e fomos muito bem recebidos. O professor Michael Udow eh um senhor muito cativante e gracinha, que conquistou todos do grupo. Ele comprou cookies pra gente antes do concerto! Apos a desmontagem, fomos para uma pizzaria com todos os alunos e professores. O clima foi muito divertido e a troca, indescritivel! Udow foi muito soliscito e respondeu muitas perguntas dos PIAPs.


29 de Janeiro

Nos preparamos para sair bem cedo do hotel, pois tinhamos uma longa viagem para Lexington, Kentucky. O professor Michael Udow apareceu para entregar presentes para os professores e para se despedir. Como forma de agradecimento e admiraçao, o grupo entoou "African Welcome Piece", musica de sua composiçao que termina em coro de vozes unissono. Ele ficou muito emocionado e feliz.

A viagem foi longa, 8 horas de van e muito frio. Nem bem chegamos no hotel e ja tivemos que partir para o teatro da University of Kentucky. Devido a longa viagem, realmente sentimos o cansaço pesar e os humores virarem. Mas com um pouco de descanso e paciencia fizemos um excelente concerto! Logo seguimos para o hotel e o professor e varios alunos foram consco e levaram pizza. Foi uma noite maravilhosa, os alunos conversaram muitas horas e riram muito. Para o dia seguinte, nos preparariamos para a viagem de 7 horas de Urbana, Illinois.

Surpresas em Ohio e Michigan...

26 de janeiro de 2010.

Acordamos bem cedo naquela terca-feira. Saimos do estado de NY e fomos para o estado de Ohio, para a cidade de Akron. Apesar de o concerto ser apenas a noite nos tinhamos hora certa para chegar a faculdade. Estavamos convidados a assistir o ensaio da Steel Band da University of Akron. Voce pode estar se perguntando 'Do que exatamente se trata isso?'...

Em Trinidad Tobago na epoca da ditadura foi proibido tocar tambor, para evitar aglomeracoes e possiveis revoltas politicas. A populacao entao resolveu isso: passou a tocar em latoes de petroleo e com o tempo estes passaram a ser martelados, portanto afinados. Atualmente, no carnaval de Trinidad, existem paradas de bandas de ate 150 pessoas! A que vimos tinha algo em torno de 20 estudantes. Foi muito empolgante! Eles tocavam, dancavam e com todo o fervor do momento os integrantes do Grupo PIAP tambem dancaram um pouco (o John tambem!!)

O grupo deles tem ja 30 anos, nos inclusive ganhamos pulseiras de comemoracao ao chegar na faculdade! Descobrimos que na University of Akron ha grupo experimental de musica contemporanea, banda sinfonica, orquestra, grupo de percussao, grupo de jazz, grupo de musica brasileira e cubana, alem da Steel Band que vimos. Ainda mais inacredital, todos os alunos de percussao tem na grade da faculdade fazer simultaneamente varios desses grupos. Portanto, o ensaio foi breve, todos os envolvidos tinham ainda varias aulas a cursar naquele mesmo dia, antes do nosso concerto.

A montagem foi tranquila, alguns dos alunos nos auxiliaram com o carregamento do instrumental. O concerto foi otimo e muitos dos percussionistas que vimos tocar pela manha estavam na plateia. Fomos confraternizar com os alunos de graduacao e mestrado, la conhecemos o tradicional Queijo Quente do Texas.

27 de janeiro de 2010.

Na quarta-feira tambem acordamos bem cedo! Viajamos para Ann Arbor, no estado de Michigan. Desde cedo estava nevando, mas nao foi o suficiente para atrapalhas nossa viagem.

Chegamos a University of Michigan e fomos direto assistir o ensaio do Grupo de Musica do Mundo (World Music Ensemble), ramificacao do grupo de percussao, com repertorio de influencia cubana, africana e brasileira.

Tambem visitamos o percussionista e compositor Michael Udow, pois ele tem uma fabrica de blocos de madeira, baquetas e campanas enormes (a mais grave que vimos era um Sol2 do piano!! Sao cerca de 7 metros de altura, imagina?!). Foi uma visita muito util, ele falou sobre o motivo que o fez produzir instrumentos e baquetas, falou sobre sua experiencia orquestral, sobre a situacao na University of Michigan, da qual ele se aposentara em marco, alem de responder todas as nossas duvidas. Ele eh o autor de um dos metodos que Carlos Stasi usa conosco na UNESP, portanto foi significativo este encontro, para compreender como eh a visao dele a respeito da percussao e de todo o estudo que percussionistas necessitam ter.

O mais surpreendente foi o fruto que surgiu desse encontro: nos ultimos segundos, com o PIAP todo na van, Udow comentou ligeiramente com John: "A proposito, a Sinfonica de Chicago toca hoje. Quer ingressos?". Com a ajuda do professor Joseph Gramley, fomos assistir. Quando chegamos, tudo o que sabiamos eh que tocariam a opera "O Castelo de Barbazul" de Bartok. Quando nos assentamos e pudemos ler com calma, percebemos a proporcao do que estavamos vivendo: o repertorio foi, alem da opera, "Le Tombeau de Couperin" de Ravel e um Concerto contemporaneo de flauta, de Dalbavie. O maestro? Nada mais, nada menos que Pierre Boulez!! Um dos maiores compositores/maestros do seculo XX.

Historico, emocionante, perfeito! A acustica do Hall da University of Michigan era maravilhosa e a orquestra esta entre as 5 melhores do mundo. Nao tinha como ser mais incrivel e inesperado. Na verdade no inicio dos preparativos da turne chegou a ser esperado sim, John planejava nos levar assistir este mesmo programa, so que em NY. Porem nossos horarios em NY nao propiciavam tempo livre em noite de concerto da Orquestra de Chicago. Tambem intrigante eh o fato que ha 22 anos, na primeira turne do Grupo PIAP, um dos concertos vistos foi com essa mesma orquestra e esse mesmo maestro!

Novamente obrigado a todos que estao nos lendo!

Como podem ver estamos otimos, cada vez mais acostumados com a diferenca na alimentacao, a troca constante de paradeiro, as muitas horas de viagem na van e o frio.

Agora que a neve esta aumentando, mas nao se preocupem, estamos sendo precavidos quanto a isso! So nao acostumamos ainda com a saudade, todos os nossos amigos, familiares e conhecidos fazem muita falta!!

Canada e Fredonia

Sádado, 23 de janeiro de 2010.

Neste último sábado todo o grupo acordou cedo e foi para o Canada. Atravessamos a fronteira e fomos visitar o Niagara Falls, que divide os dois países.

O lugar é impressionante e apesar do frio que fazia lá todos estavam muito empolgados com as quedas d'água. As cataratas são obras de arte da natureza e com o frio grande parte do lago que se forma após as cachoeiras estava congelado deixando tudo ainda mais bonito.
Depois dessa visita inesquecível nós seguimos viagem. Chegamos em Toronto, no estado de Ontario e seguimos para a University of Toronto. La tivemos uma ótima surpresa: fomos recebidos por Mark Duggan, que falava português! Foi ai que muitos percebaram o quanto estavam com saudades de casa e de ouvir palavras conhecidas. Mark é aluno de doutorado nesta faculdade e leciona matérias relacionadas a música brasileira para os alunos mais jovens, por isso tinha grande interesse que fossemos tocar lá. Foi ele que organizou tudo para que o concerto em Toronto fosse possível. O teatro em que fizemos o show era muito bem equipado, o instrumental que nos foi disponibilizado também era de excelente qualidade e, apesar do palco ser um pouco pequeno para nossa apresentação, tudo correu bem e conseguimos mostrar o valor cultural da nossa terra. Após o concerto rapidamente começou o masterclass, onde demostramos um pouco das tradicoes regionais do Brasil.

Durante a desmontagem do instrumental conhecemos Russell Hartenberger, importante nome da música e integrante do grupo Nexus. Ele disse que se impressionou com a qualidade do concerto e parabenizou a todos nós pelo ótimo trabalho. Mark também adorou todo nosso trabalho e nos presenteou com alguns de seus CD's, que por sinal são ótimos trabalhos de diversos tipos de música.

No fim da tarde voltamos para Buffalo nos E.U.A e fomos a um pub onde John nos levou para ver seu primo tocar. O lugar era bem familiar e conhecemos outra faceta da cultura americana, que era muito parecida com a brasileira: uma festa de família com uma banda de classic rock na qual os integrantes eram os próprios familiares. Alguns de nós até já estavam se sentindo em casa com esta situação... Para fechar a noite com chave de ouro, John foi dar uma canja na batera e tocou Twist and Shout dos Beatles. Indescritível a animação que tomou conta de todos que estavam lá! Fim de noite e seguimos para o hotel, pois no outro dia estariamos mais uma
vez na estrada, agora em direção a Fredonia.

Domingo, 24 de janeiro de 2010.

Este domingo foi um dia bem tranquilo para o grupo. A viagem não teve problemas e em pouco tempo já estávamos nos instalando em outro hotel. Nosso único compromisso era uma recepção que nos foi preparada pelos alunos da Faculdade e organizada pela professora de percussão Kay Stonefelt, a qual já haviamos conhecido na exposição de John Cage na última sexta. Ela fez questão de preparar uma recepção com comidas típicas do Brasil, o que foi surpreendente!! Não viamos arroz e feijão desde que deixamos nosso país. Nós não conseguiamos nem expressar nossa gratidão. Durante o jantar tivemos também um pouco de música brasileira! O professor de tuba, junto com um de seus alunos e mais Leonardo Bertolini e Helvio Mendes, tocou chorinho para animar a festa. Foi quando veio outra surpresa: os alunos prepararam um bolo para a comemoração do aniversário da Patricia, integrante do Piap.

Depois de todas essas surpresas e do ótimo tratamento que recebemos, sentimos a obrigação de fazer o nosso melhor nas apresentações do dia seguinte.

Segunda, 25 de janeiro de 2010.

Almoçamos e seguimos direto para o teatro da faculdade para preparar o concerto. A sala de concertos era magnífica: linda, muito bem construida e preparada para receber diversos tipos de música, além de uma acústica impressionante. Fizemos os ajustes finais, montamos o instrumental para o masterclass e às 16:00 ele começou muito animado e foi assim até o fim. Estava bastante cheio e as pessoas ficaram curiosas sobre os rítmos brasileiros e os instrumentos mais incomuns, como o berimbau, que sempre chama atenção e instiga as pessoas a perguntar sobre seu funcionamento (como tocar, como segurar e tirar os diferentes sons, etc...).

Respondemos todas as questões que os alunos tinham e mostramos não só o berimbau, mas todos os outros instrumentos populares que utilizamos durante a demonstração. Após uma rápida passada pelo hotel para troca de roupas já estavamos de volta ao teatro, conferindo se tudo estava realmente pronto para o evento principal da noite: nosso concerto. Tudo estava pronto, a concentração e animação estavam em um nível altíssimo depois do fim de semana inesquecível e o concerto começou com toda a energia possível e terminou da mesma forma, talvez tivessemos ainda mais animação do que no início.

Fizemos rapidamente a desmontagem, carregamos a van e fomos para um pequena confraternização em um pub próximo ao hotel. Conversamos bastante com os alunos de graduacao e mestrado, alem dos professores, para saber como são os cursos de pós-graduação em Fredonia.